19/10/10

Crónicas C'um Caneco - Dia 11

Depois de Rodolfo ter saído de sua casa, na companhia da lambisgóia da Vanessa – algemada – Eugénia andou em círculos pela sala. Sentia-se cansada e com falta de alguma coisa. Não sabia bem o quê. De algo forte, com alcóol, uma refeição digna desse nome e...e estranhamente de alguém que não o Tobias. Eugénia, deu com ela a pensar no Inspector e como seria agradável, bastante agradável até, fechar aquele Domingo, ao pôr-do-sol, na companhia de Rodolfo, e, já agora, de algo mais do que uma simples tosta mista.
Ao mesmo tempo, sentiu um esgar de dor no peito, ao lembrar-se de Tobias, que já não se encontrava neste mundo dos oprimidos. Não que estivesse a sentir a sua falta. Estranhamente não estava. E era isso que lhe gerava um sentimento de culpa. A intimidadva até. É que sempre que se lembrava do Tobias, via o Inspector. Estranha sensação esta. Afinal tinha conhecido Rodolfo apenas alguns pares de horas atrás.
Impulsionada pela fome, Eugénia saiu de casa batendo com estrondo a porta - que nem se fechou - desceu as escadas, e dirigiu-se até à tasca do Sr. Alípio. Pelo menos aí poderia enganar o estômago e pagar só quando tivesse algum. Boa pessoa, o Sr. Alípio. Tinha para com ela uma relação algures entre o parental e o conselheiro compreensivo.
Em apenas dois ou três minutinhos chegou ao estabelecimento. Não estava ninguém. Mas isso era normal, num fim de tarde de Domingo. A Gertrudes, mulher do Sr. Alípio, bem lhe dizia que não compensava ter a tasca aberta ao Domingo. Mas este preferia ali estar, mesmo que, durante a tarde, apenas meia-dúzia de velhotes lhe entrassem pela porta e se sentassem a jogar dominó. Ou uma bela suecada. E sempre se iam vendendo um copo-três, aqui e ali. Melhor dizendo: iam-se servindo uns copitos, pois toda aquela gente já lhe devia uma “pipa de massa”.
- Boa tarde Sr. Alípio! - Soltou Eugénia, já a fazer contas ao que ia pedir para enganar, mais uma vez, a fome. Um pires de escabeche, talvez. E uma buchazita. Sobravam sempre carapaus do almoço de sábado, e o Alípio fazia escabeche como ninguém. Sim, como ninguém. Afinal, a arte de marinar algo em vinagre e alho pode ter muito mais ciência do que possa, à primeira vista parecer. “Sr. Alípio, boa tarde!!”, berrou Eugénia de novo. Nada. Nenhuma resposta. Mas onde se teria metido o raio do velho, pensou...

Continua...um dia destes

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