23/11/09

Crónicas C’um Caneco - Dia 6

Rodolfo, cada vez mais com os olhos arregalados e descaídos para o peito de Eugénia, deu duas profundas passas no largo Gittannes, não disfarçando o seu real nervosismo. Até os colegas o estavam a estranhar. Rodolfo nunca tinha aquele tipo de atitude, e muito menos adoptava aquela postura de falso descontraído. Era óbvio que aquela mulher mexia com ele. Definitivamente.
-Cara Sra. Eugénia! Afirmou aqui, perante todos nós, que não vê o Sr. Tobias há 3 dias, portanto, desde Quinta-feira, certo?
- Não, Sr. Agente. Não o vejo desde a tarde de 6ª feira, Sr. Inspector. Uma grande e bem passada tarde, diga-se de passagem – afirmou de forma insinuante mas serena. E de sexta até hoje, Domingo, são 3 dias. Afirmou Eugénia, não caindo na pergunta amanteigada do Inspector. E já agora, embora eu seja uma Senhora, não precisa de me tratar com tal deferência. É que me faz parecer mais velha, e como sabe, tenho apenas 26 joviais anos.
Rodolfo, acabara de ficar completamente “à nora” com a resposta e o à vontade desconcertante de Eugénia Epifânia. Não só pela astúcia demonstrada até àquele momento, como também, e principalmente, com alguns dos apartes e com o requinte de linguagem, com que aquela mulher o brindava de quando em vez. Vinte e seis anos. Apenas menos sete que ele, que tinha acabado de atingir a idade de Cristo. Só não sabia ainda era o peso da cruz que iria carregar nos tempos mais próximos.

(Continua...um destes dias!)

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